JÁ FUMEGA MARIA PANELA!

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Quinta-feira, 29 / 04 / 10

Acesso Negado

Últimos dias, últimos e múltiplos encantos, coisas que fazem lembrar a magia da feijoada transmontana que produz um festival sonoro de fazer inveja. É bom saber que o meu humor, aos poucos e pouquinhos e pouquíssimos, está a recuperar do grave acidente que sofreu, nomeadamente uma crise emocional. Se me perguntarem onde está o amor e todos os estados depressivos inerentes, responderei que estão numa praia qualquer no Brasil, a bronzearem-se, enquanto eu estou nos prados da Irlanda a ver as vacas pastar.


Bem, falando de coisas sérias, vi há dias um avião militar e pareceu-me que transportava comida. Cheguei a tal conclusão por via do seguinte raciocínio:

Asas Abertas = Plenitude = Felicidade = Comida

Por conseguinte, ocorreu-me posicionar-me de forma a poder receber, em segurança, dois ou três sacos de arroz, sem que um indivíduo de raça negra me arrancasse uma perna. Mas o arroz não choveu e eu fiquei, naturalmente, desapontada. Porém, uma questão maior elevou-se e sacudiu-me a alma (se alguém encontrar vestígios de uma alma parva é favor de devolver): como é que os africanos cozem o arroz, se a maior parte das vezes não dispõem de água? A receita talvez seja assim:

Corra rapidamente para a área envolvente da zona de alcance do avião. Jogue, se necessário, algumas pessoas ao chão. Quando o arroz descer dos céus, aproxime-se rapidamente do maior número possível de pacotes e lembre-se que tem entre 15 a 20 bocas para alimentar. Depois de já ter consigo o arroz, fuja para a sua barraca onde encontrará mulheres que poderão confeccionar o arroz. Escolha uma mulher, ela terá de colocar o arroz sob o calor esturnicante, uma vez que ele é pré-feito. Espere 10 minutos, numa potência variável entre os Watts que quiser e as quecas que entender, com uma outra mulher que lhe serve de entrada. Quando o arroz for servido, guarde a maior porção para si.


Falando ainda de coisas mais sérias, um amigo meu dirigiu-se a uma vendedora de perfumes e disse-lhe o seguinte "Queria um perfume activo e intenso". Apeteceu-me dizer "Sai um frasco de suor de cavalo, por favor".


Estive na praia com amigos, depois das aulas. O sinal mais evidente de que estive na praia na praia é o meu cabelo que parece nunca ter conhecido champoo na vida. Ainda assim, pude bronzear a toalha e salgar as pernas.


Entraremos, agora, numa área restrita e confidencial, introduza, portanto, a palavra-passe para ler o que se segue.

ACESSO NEGADO

publicado por Maria Panela às 00:07
Segunda-feira, 19 / 04 / 10

Bídon de Champôo

Adorava ser como um frasco de champôo de 900 mL que perdurasse, perdurasse, perdurasse infinitamente na casa-de-banho do Senhor Anatalino Reguete. Tal desejo comporta a necessidade de lhe limpar os cabelos em profundidade, nutri-los, preenche-los e deixá-los incrivelmente sedosos. Talvez assim a Maria Dores Pança pudesse juntar as suas três galinhas com o galo do Anatalino, numa só capoeira. Talvez assim contribuísse para a construção do amor no mundo... Já que não consigo sequer construir o meu próprio amor. Já que estou impedida de ser amada. Alguém que ame aquilo que é, aquilo que tem, aquilo que há-de ser e mais além e mais além, mesmo que para isso seja necessário um champôo, uma lavagem ao corpo e à alma.

publicado por Maria Panela às 23:32

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