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Quinta-feira, 20 / 05 / 10

Take 1 – A Mulher Do Leme

 

Eu sou do tamanho dos meus sonhos e da minha vontade e sou enorme aos olhos da liberdade, mas toda e qualquer grandiosidade se reduz pelas escolhas que tomamos.

 

Quando acordei para os meus 18 anos, toquei o limiar da realização plena. No dia do aniversário, as minhas emoções foram tecendo as lágrimas com a força de quem varre, num único arrasto, a areia de todas as praias. As rosas que a minha mãe começou por me oferecer seriam o presságio de que “a mulher do leme” perderia os remos e o rumo, naquele dia. O fio de presentes foi-se desenrolando e, onde estava um nó cego, surgiu uma obra de quem cego de amor estava. Um amigo meu foi até minha casa e deu-me um quadro desenhado com a minha imagem. Artisticamente, era belo, tanto pelo traço, como pela textura. Um gesto singular que se alojou no meu coração. Pensei na altura ser a rapariga mais feliz, mais completa que alguma vez existira, porque uma demonstração de afecto como aquela merecia estar no topo de uma montanha onde o céu se enrola na terra.

 

Continua…

publicado por Maria Panela às 00:37
Terça-feira, 30 / 03 / 10

Dissertação Sobre Um Bolo Em Forma De Pénis

Assisti a uma demonstração de arte culinária que me perturbou imenso. Era uma estrutura de bolo de chocolate, envolta numa camada de açúcar de cobertura. Ostentava a imagem real de um pénis erecto. Toda a cobertura fora pintada de acordo com as cores naturais dos órgãos genitais, tanto no pénis, como nos testículos delicadamente coloridos de castanho e com pequenos riscos pretos a retratar o belo do pintelho. Naquelo caso, considerei que o pénis pertencia a um homem de raça branca, uma vez que era cor-de-rosa e conseguia ocupar um só tabuleiro. Os pormenores eram avassaladores, desde a veia saliente do pénis, até aos traços realistas da sua cabeça, passadando também pelo aglomerado pinto-capilar superior. O artista (prefiro não lhe chamar pasteleiro, porque um pasteleiro está limitado aos pastéis de nata e afins) retratou, ainda, o momento da ejaculação, anexando ao oríficio do pénis um creme branco.

Pergunto-me quantos milhões o Berard estaria disposto a pagar pela obra, do género:

"Quante quere plo animale?"

"Depende do fim que lhe dará, do estatuto que terá na sua Galeria..."

"E se a Galeria for no interiore das minhas pantallones? Focke You"


Questiono-me, ainda, sobre outra coisa. Que origem teve a imagem tão realista e perfeita de um bolo em forma de pénis? Terá sido resultado da experiência apurada ao longo dos tempos pelo pasteleiro-artista ou do emprego de um molde natural? Quando trinquei o bolo, tentei não me deter nestas questões, evitando o perigo de provocar um suicídio cerebral.

Curioso foi o facto de os homens presentes terem sido os que mais mostraram interesse por comer, consomando, por fim, essa vontade. Talvez, enquanto mastigavam, pensavam "Queria ter um igual...", enquanto que as raparigas reflectiam da seguinte forma "Para quê comer às fatias, quando se pode comê-lo inteiro?". Agora exagerei na maliciosidade (poupo-vos à crítica...).


Mais tarde, num bar, pude presenciar outra cena intrigante. Um homem subiu para uma mesa e começou a dançar, simulando que estava a despir-se. Por sua vez, um grupo de rapazes rodeou a mesa e pressionaram o pobre bebedo, no sentido de ele tirar mesmo as calças. Ora, o que é que me ocorreu no momento? Que aquele grupo de indíviduos simbolizava a tribo que pratica o ritual de guardar capas da revista "Men's Health" debaixo do colchão.

Que apreciação faço eu disto? Que bem que poderia integrar a tribo deles, não fosse o facto de todos eles serem homens e gostarem de se olhar de costas... A verdade é que o meu colchão foge à tradicional estrutura ortopédica, uma vez que ele é o resultado da cimentação de capas da revista "Men's Health" ao longo dos séculos. A mais velha data de 1230 e pertenceu à minha tetra da tetra da tetra da tetra da tetra da tetra da tetra da tetra da tetra da tetra da tetra da tetra tetra da tetra da tetra da tetra tetra da tetra da tetra da tetra da tetra da tetra da tetra da tetra da tetra da tetra da tetra da tetra da tetra da tetra da tetra tetra da tetra da tetra da tetra tetra da tetra da tetra tetra da tetra avó. O modelo que figurava era um guerreiro cruzado sedutor, com uma barba farta e cicatrizes na cara, com a espada numa mão e com um mouro seguro pelo colarinho na outra. Já não se fazem homens desses...

publicado por Maria Panela às 01:14

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